Convulsão Febril, o que é?

1 de fevereiro de 2013


A primeira convulsão febril gera sempre grande ansiedade na família não só pelo inesperado da situação como pelo medo de poder anunciar doença neurológica grave. Para esclarecer as dúvidas que surgem aos pais, eis algumas das questões mais frequentemente colocadas:


O que é uma convulsão febril?
É uma convulsão que surge numa criança saudável, entre os 6 meses e os 5 anos de idade, no início de uma doença febril aquando da subida rápida da temperatura. As convulsões febris estão relacionadas com factores genéticos associados a uma imaturidade cerebral característica dos primeiros anos de vida. Estas crianças são mais sensíveis a temperaturas elevadas, situação que tende a desaparecer com a idade. 

É frequente?
Cerca de uma em cada 20 crianças (4%) têm convulsões acompanhadas de febre. A causa é desconhecida mas factores genéticos têm um papel importante e se o pai ou a mãe tiveram convulsões febris o risco é 4 vezes superior ao da população em geral.

Como são as crises?
Na maioria dos casos as crises (ataques) são generalizadas. A criança perde os sentidos, revira os olhos, fica com o corpo hirto e logo a seguir os braços e pernas começam a tremer. Depois de alguns minutos os movimentos param, o corpo fica mole e a criança dorme durante 15-30 minutos e acorda bem. Durante a crise pode ficar com os lábios roxos, espumar pela boca ou urinar. 

O que devo fazer?
* Em primeiro lugar não deve entrar em pânico e não deve colocar nada na boca da criança;
* Deite a criança de lado, num local seguro onde ela não se possa magoar;
* Baixe a temperatura com Paracetamol rectal ou pachos de água tépida colocados no corpo despido;
Se não for a primeira convulsão, os pais já devem ter em casa clisteres de Diazepam (StesolidR 5 e 10 mg), um medicamento que se utiliza para parar a convulsão. A administração é rectal e a dose depende do peso da criança (0,5mg /Kg/ dose), com um máximo de 10 mg para pesos superiores a 20Kg. 

Quando devo ir ao Hospital?
* Na primeira convulsão febril deve sempre dirigir-se a um Serviço de Urgência para uma avaliação cuidadosa da situação. Habitualmente é necessário ficar em observação durante algumas horas e eventualmente realizar alguns exames para excluir infecções do sistema nervoso central.
* Se não for a primeira convulsão, e se a criança estiver bem, deve consultar o seu médico para averiguar e tratar a causa da febre.
* No entanto existem sinais de alarme que vos devem levar sempre a um Serviço de Urgência:
 - Se a convulsão for prolongada (mais de 15 minutos);
 - Se os movimentos forem só de um lado ou se após a crise a criança só mexer um lado;
 - Se a criança não acordar completamente 30 minutos após a crise;
 - Se ficar muito prostrada, com gemido ou sonolência;
 - Se a febre não baixar apesar das medidas tomadas;
 - Se tiver mais que uma crise no mesmo dia.

É necessário fazer exames?
É importante excluir infecções do sistema nervoso central (meningites/encefalites) após a primeira convulsão febril e sempre que houver essa suspeita clínica. 

Deve fazer EEG ou exames de imagem?
O electroencefalograma (EEG) não é necessário para o diagnóstico, e não prevê a recorrência de convulsões, motivo pelo qual o seu uso não está recomendado. A TAC crânio encefálica também não é necessária. 

Pode voltar a ter convulsões quando tiver febre?
Sim, cerca de um terço das crianças voltam a ter uma ou mais crises com febre, mas é impossível de prever quando ou em que crianças. No entanto o risco é maior nos primeiros 6 a 12 meses após a primeira crise, se a convulsão surgiu com febre baixa ou se há história familiar de convulsões. 

Que devo fazer para evitar as crises?
Apesar do risco de recorrência, a medicação diária com medicamentos anti-epilépticos não está recomendado em crianças com convulsões febris. 
É importante estar atento aos primeiros sinais de doença e controlar a temperatura, não esquecendo o período da noite. 

O meu filho pode ficar com Epilepsia?
De um modo geral as convulsões febris não aumentam significativamente a probalidade de vir a desenvolver mais tarde uma epilepsia relativamente à população em geral (0,5%). No entanto nas convulsões febris complexas (prolongadas ou que afectam só um lado do corpo), a evolução para a epilepsia é mais frequente (2,5%).

Dra. Carla Mendonça (Pediatra no Hospital Central de Faro)


                         

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